segunda-feira, 6 de agosto de 2012


Luiz Lamas - Sem Língua



Nhô Lau com Nhá Rosa

Tinha uma amizade formosa,

Mas Nhá Rita, coitadinha,

Era egoísta e ferina.



Principiou, então, a falá,

A vida deles, com mardade, comentá,

Acabou com a bela amizade,

Batendo a língua nos dentes, com tenacidade.



Mas, os pobres coitados, culpa não tinha,

Era a marvada língua ferina

Que julgava os outros, como a si mesma,

Mostrando como era má, não tendo consideração

Para com todo os seus irmãos



Nhá Rita desencarnou,

Pru outro lado passou,

Foi julgada, inclementemente

Julgada, por más línguas, mormente.



Quando foi assim atacada,

Ficou aparvalhada...

Gritou: isso é calúnia,

Que meu espírito importuna!

Por que, Deus meu,

Permites isso com um filho Teu?



O Alto então respondeu:

- Recebes o que fizeste em todo o teu apogeu.

  Com tua língua ferina,

  Transformaste a sincera amizade

  Em amor impuro, com maldade.



- Desfizeste, com a língua, muitos lares;

  Conturbaste muitos ares;

  Terás que, à Terra, retornar,

  A fim de teus débitos  nela saldar.



- Reencarnarás sem a língua, que te perdeu,

  Para o próprio bem teu,

  Pois pouco tempo te resta, agora,

  Para saldares os débitos de outrora.



- Aproveites a encarnação,

  Saldando débitos com resignação,

  Aprendendo de antemão,

  A não te utilizar da língua, em acusação.



Luiz Lamas


Psicografada no núcleo de trabalho,  na noite de 28/7/1989

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