quinta-feira, 26 de julho de 2012


Luiz Lamas - A Muié Cobiçada



O bum bum de Nhá Rosa

Ninguém apodia negá,

Era o qui fazia dela mais formosa,

I o que os home se punha a oiá...



Quando Nhá Rosa andava,

O bum bum balançava,

Ela ficava contente, vaidosa,

Passa na frende dus home toda formosa!



Das outras muié mangava,

Inté mesmo desprezava,

Pruque, do arraia, era a mais cobiçada

I, também, a mais amada.



Eta vaidade marvada,

Qui atingia de modo desaforada,

Ela provocava inté home casado,

Com fios compromissado.



Era um inferno no arraia,

Quando Nhá Rosa se punha a passa,

As muié queriam inté a expulsá,

Pra mor de ter paz, de se acarmá.



Chegou um dia azarado,

Em que Nhá Rosa levou um tombaço,

Quebrando toda a espinha,

I num podendo anda sozinha.



Só ficava assentada,

Trabaiando, desolada.

Só aí teve tempo então,

De aprende muita lição.



Lia o Evangelho;

Com ensinamento tão belo,

Começou as crianças ensina,

E os exemplos de Jesus a divulga.



Morreu muito veinha,

Encarquilhada, sozinha,

Mas inté agradeceu Jesuis com fervô,

Por ter proporcionado aquela dô,

Que a desviou do caminho da perdição,

De todo o coração.





A vaidade, pra muita gente,

Causa o desvio da rota certa, infelizmente.

Mas, as veiz uma dô,

Provocada com muito amo,

É um bem enviado por Jesuis,

Levando nóis pro caminho da luiz,

Evitando a desgraceira

Do espírito que cai na ribanceira

Cheia de treva de dô, de sofrimento,

Que impede o seu reerguimento.



Luiz Lamas


Psicografada no núcleo de trabalho,  na noite de 22/9/1989.

Nenhum comentário:

Postar um comentário