Luiz Lamas - A Muié Cobiçada
O bum bum de Nhá Rosa
Ninguém apodia negá,
Era o qui fazia dela mais
formosa,
I o que os home se punha a oiá...
Quando Nhá Rosa andava,
O bum bum balançava,
Ela ficava contente, vaidosa,
Passa na frende dus home toda
formosa!
Das outras muié mangava,
Inté mesmo desprezava,
Pruque, do arraia, era a mais
cobiçada
I, também, a mais amada.
Eta vaidade marvada,
Qui atingia de modo desaforada,
Ela provocava inté home casado,
Com fios compromissado.
Era um inferno no arraia,
Quando Nhá Rosa se punha a passa,
As muié queriam inté a expulsá,
Pra mor de ter paz, de se acarmá.
Chegou um dia azarado,
Quebrando toda a espinha,
I num podendo anda sozinha.
Só ficava assentada,
Trabaiando, desolada.
Só aí teve tempo então,
De aprende muita lição.
Lia o Evangelho;
Com ensinamento tão belo,
Começou as crianças ensina,
E os exemplos de Jesus a divulga.
Morreu muito veinha,
Encarquilhada, sozinha,
Mas inté agradeceu Jesuis com
fervô,
Por ter proporcionado aquela dô,
Que a desviou do caminho da
perdição,
De todo o coração.
A vaidade, pra muita gente,
Causa o desvio da rota certa,
infelizmente.
Mas, as veiz uma dô,
Provocada com muito amo,
É um bem enviado por Jesuis,
Levando nóis pro caminho da luiz,
Evitando a desgraceira
Do espírito que cai na ribanceira
Cheia de treva de dô, de
sofrimento,
Que impede o seu reerguimento.
Luiz Lamas
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