quinta-feira, 26 de julho de 2012


Gilberto - O   Desencarne



         O desencarne seria muito mais fácil para aquele que parte. Principalmente, sem os liames que o prendem à matéria. Isso seria possível se o encarnado cumprisse alguns quesitos, principalmente por aqueles que lá vão para se despedir do corpo que jaz inerte, mas que inúmeras vezes escuta os comentários ao seu derredor. Embora não compreenda o motivo por que é criticado.

A melhor postura dos que vêm se despedir do companheiro que passa para o plano espiritual, são pensamentos bons emitidos, preces em favor daquele que parte criando em redor do mesmo a paz tão almejada.

Para que isso aconteça é necessário ficar perto do caixão pessoas que realmente amavam o que está partindo e que não emitam pensamentos desairosos contra o mesmo, tampouco fiquem discutindo, tecendo comentários desairosos contra o mesmo, nem fiquem discutindo tecendo sobre as consideradas falhas daquele que parte.

Infelizmente, comentam as falhas das pessoas sem saberem o motivo porque são assim. Tiveram uma infância e juventude sobre o beneplácito do Senhor e nem sonham que outros não sejam assim sem aquilatar que a criatura desencarnada também teve uma vida doirada, e que não sofrem as intempéries do tempo indo a escola descalça e não agasalhada, para não gastar os sapatos e agasalhos novos. Não sabem que ela sofreu desilusões no casamento, quando o esposo arrumou uma amante tendo filhos com ela.  Abandonou a esposa com dois filhos pequenos para criar e alimentar, sem ajudar financeiramente. Perturbada pela dor que consome tentou o suicídio, e esteve internada num sanatório. Até que finalmente teve algum tempo de paz, com algumas rugas existentes em todos os casais.

Sofreu depois com a vida cotidiana, mas tinha um teto para morar, e alimentos para se alimentar.

Saldou um carma pesado, angariado em diversas encarnações. Mesmo assim era criticada pelo seu modo de ser, devido a vida que levava. Viveu sempre na amargura e na amargura recebia suas visitas.

O perispírito geralmente fica preso à matéria servindo de intercâmbio entre o espírito e a matéria por dois ou três meses. O desencarnado preso a matéria necessita de conforto devido a saudade sentida, e procura muitas vezes aqueles que amaram na matéria. Portanto, não é justo o que muitos vêm fazendo. Procurar se livrar do desencarnado que os procuram a fim de matar a saudade por meio de rituais infindáveis para afastá-los do seu aconchego.

Comumente também os familiares no afã de se livrarem das coisas particulares do desencarnado, procuram dividir seus haveres, e doar as coisas mais velhas que possuem dando para creches, asilos. Quando de bom alvitre esperar um ou dois meses para fazerem isso, para o seu perispírito ter um melhor equilíbrio. Para ajudar o desencarnado, temos que procurar os abandonados da sociedade, os chamados de paupérrimos e começar a se preocupar com eles. É uma transformação lenta, é dar para quem realmente necessita.

Não é a doação de objetos que foram deixados que vai retomar a pessoa a alma de quem vai e de quem fica. Os que assim pensam já demonstram falta de amor ao próximo.

Vamos retomar as críticas, os que criticam num féretro estão contribuindo para que o encarne de entidades trevosas pululem o ambiente e devido às críticas, ao disse me disse muitos encarnados são convidados a se retirarem da sala onde está efetuando o velório.

Inúmeras vezes temos que manipular uma espécie de gelatina branca transparente para separar encarnados e desencarnados que emitem maus pensamentos, capciosos e críticas do local onde se encontram, afastando dessa forma as entidades que se alimentam desses pensamentos.

Essa gelatina parece-se mãos com um plástico grosso transparente. E a sala onde está o desencarnado torna-se dois ambientes totalmente diferentes. Um leve e ameno e o outro denso, pesado. Cada qual fica então do lado que tem mais afinidade.

Não podemos pedir à família que se despede de um ente querido que não chore. A revolta prejudica, mas as lágrimas são o grito da saudade e da tristeza. Pedir a alguém que não chore é falta de piedade, o que não se deve e demonstrar desespero, gritar revoltado, cair sobre o caixão fazer coisas que desequilibrem tanto o encarnado como o desencarnado.

Muitas vezes, no quarto ao lado destinado ao repouso dos familiares, fica abarrotado de comida e sanduiches. Os encarnados comem, falam de política, jogos, mulheres até de bebidas, pilhérias, mais parecendo uma festa, sem o devido respeito para com o desencarnado. Com isso os espíritos atrasados que não gostam de sair do cemitério se apraziam de lá ficar para saborear os alimentos. Um deles sentou-se perto de uma mulher que comia, comia sem parar. Se ela soubesse, que cada vez que buscava o alimento, estava alimentando três espíritos ao mesmo tempo, pois julgavam que a comida da crosta é a melhor que existe. As bebidas então faziam com que o olhar deles brilhassem. Um deles ainda comentou:

- Por isso que eu gosto de vir em enterro de gente rica. A classe média e os mais pobres, só servem cafezinho e chá de cidreira.

Dessa forma meus irmãos podemos observar que no instante da morte, o desprendimento do perispírito, não se completa subitamente que ao contrário se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme o indivíduo. Enquanto outros é bastante rápido podendo dizer-se que o momento da morte é o momento da libertação. Em outros, naqueles cuja vida foi toda material e sensual o desprendimento é muito menos rápido durando algumas vezes dias semanas e até meses.

Cada qual recebe de acordo com sua semeadura.





                                                                  Gilberto

                             

Psicografada no núcleo de trabalho em 23/10/2006.

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