Luiz Lamas - Amor Profundo pela II Imperatriz do Brasil, do I
Império
Virge Santa, só di alembrá da
escravatura,
Este mulato alforriado perde toda
a sua desenvortura;
Si alembrá du pelourinho
Onde u negro sofria u padecimento
sozinho.
Onde o chicote descia
inclementemente
Nus dorso nu, fazendo jorrá
sangue e abrí ferida de modo deprimente.
As nossa muié eram violentada,
I di seus fio arrancadas.
Inté o leite materno, destinado
aos fio queridos,
Tinha qui sê dado prus fios dus
branco,
Us negro macho, forte, era como
animar relegado à procriação
Sem tê direito di tê família, sem
tê direito di tê amô nu coração.
Seus fio eram di seus braço
arrancado,
Pra sê vendido como escravo, di
modo louco, adoidado.
Se avaliava us negro pelos dente
Di modo vir, deprimente.
Trabaiavam di sor a sor,
pacientes,
Praguejando contra a sorte
mardizente,
Suspirando di sardade da terra
natar,
Onde eram livres e tinha a paiz
fundamentar.
Da união dus branco i das negra
da senzala,
Nasceram us mulato em grande
escala.
Arguns tiveram a sorte de sê alforriado,
Trabaiando mais sossegado.
Esse mulato, qui vos fala agora,
Foi logo alforriado, sem demora,
Pruque tinha sangue nobre, sim
sinhô,
I uns óio qui as negra diziam qui
eram encantadô.
Pru palácio do Imperadô logo fui
solicitado,
Pruque era estudado i muito
educado.
Mas eu me apaixonei perdidamente pela Imperatriz
Di forma grave e infeliz.
Mais, pra ela e pro Imperadô
nunca deixei transparecê
U qui sentia nu coração pra valê,
Imagine uma Imperatriz e um
mulato alforriado,
Num ia dá certo, apesar di sê bem
apessoado.
Mais, na senzala us negro sabia
du amô
Qui existia nu coração desse
sonhadô.
Faziam pilhéria e gozação,
Machucando o coração.
Mais, a Imperatriz só tinha ôio
pru safado do Imperadô,
Nutrindo pur ele um grande e
profundo amô.
I pru Luiz só dava ordem qui logo
era cumprida,
Pois serví a Imperatriz é o que
queria na presente vida.
Adepois, a Imperatriz foi embora
cum a família,
Deixando esse mulato triste com a
sua soberania.
Sem a Imperatriz, toda a
importância tinha perdido na vida,
Si deixando aos poucos morrê, sem
comê, sem tê acolhida.
As negras passavam perto,
pilherando,
Achando graça, pruque curtia nu
peito um amor tão nefando.
I esse mulato, aos poucos foi
morrendo,
Num querendo, sem seu amô, fica
vivendo.
I agora quero ensiná pru oceis a
amá e, se fô preciso, renunciá,
Pra mor da felicidade du ser
amado acoitá,
Pruque, quem ama de verdade,
Renuncia e curte a boa amizade
Pra mor du ser amado sê feliz
Di boa maneira, que com a verdade
condiz.
A renúncia da u direito di numa
outra encarnação
Sê feliz, como manda o coração.
Prutanto, gente, si se tem um
amor impossíver, é renunciá,
Pra mor du coração di Jesuis alegra.
Prutanto, minha moçada,
Vamo finca u pé na verdadeira
estrada,
Orando pru Mestre Jesuis
Contanto com Sua Imensa Luiz.
Luiz Lamas
Psicografada
no núcleo de trabalho, na noite de 11/5/1992.
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