terça-feira, 31 de julho de 2012


Luiz Lamas - Amor Profundo pela II Imperatriz do Brasil, do I Império



Virge Santa, só di alembrá da escravatura,

Este mulato alforriado perde toda a sua desenvortura;

Si alembrá du pelourinho

Onde u negro sofria u padecimento sozinho.



Onde o chicote descia inclementemente

Nus dorso nu, fazendo jorrá sangue e abrí ferida de modo deprimente.

As nossa muié eram violentada,

I di seus fio arrancadas.



Inté o leite materno, destinado aos fio queridos,

Tinha qui sê dado prus fios dus branco,

Us negro macho, forte, era como animar relegado à procriação

Sem tê direito di tê família, sem tê direito di tê amô nu coração.



Seus fio eram di seus braço arrancado,

Pra sê vendido como escravo, di modo louco, adoidado.

Se avaliava us negro pelos dente

Di modo vir, deprimente.



Trabaiavam di sor a sor, pacientes,

Praguejando contra a sorte mardizente,

Suspirando di sardade da terra natar,

Onde eram livres e tinha a paiz fundamentar.



Da união dus branco i das negra da senzala,

Nasceram us mulato em grande escala.

Arguns tiveram a sorte de sê alforriado,

Trabaiando mais sossegado.



Esse mulato, qui vos fala agora,

Foi logo alforriado, sem demora,

Pruque tinha sangue nobre, sim sinhô,

I uns óio qui as negra diziam qui eram encantadô.



Pru palácio do Imperadô logo fui solicitado,

Pruque era estudado i muito educado.

Mas eu me apaixonei  perdidamente pela Imperatriz

Di forma grave e infeliz.



Mais, pra ela e pro Imperadô nunca deixei transparecê

U qui sentia nu coração pra valê,

Imagine uma Imperatriz e um mulato alforriado,

Num ia dá certo, apesar di sê bem apessoado.









Mais, na senzala us negro sabia du amô

Qui existia nu coração desse sonhadô.

Faziam pilhéria e gozação,

Machucando o coração.



Mais, a Imperatriz só tinha ôio pru safado do Imperadô,

Nutrindo pur ele um grande e profundo amô.

I pru Luiz só dava ordem qui logo era cumprida,

Pois serví a Imperatriz é o que queria na presente vida.



Adepois, a Imperatriz foi embora cum a família,

Deixando esse mulato triste com a sua soberania.

Sem a Imperatriz, toda a importância tinha perdido na vida,

Si deixando aos poucos morrê, sem comê, sem tê acolhida.



As negras passavam perto, pilherando,

Achando graça, pruque curtia nu peito um amor tão nefando.

I esse mulato, aos poucos foi morrendo,

Num querendo, sem seu amô, fica vivendo.



I agora quero ensiná pru oceis a amá e, se fô preciso, renunciá,

Pra mor da felicidade du ser amado acoitá,

Pruque, quem ama de verdade,

Renuncia e curte a boa amizade

Pra mor du ser amado sê feliz

Di boa maneira, que com a verdade condiz.



A renúncia da u direito di numa outra encarnação

Sê feliz, como manda o coração.

Prutanto, gente, si se tem um amor impossíver, é renunciá,

Pra mor du coração di  Jesuis alegra.



Prutanto, minha moçada,

Vamo finca u pé na verdadeira estrada,

Orando pru Mestre Jesuis

Contanto com Sua Imensa Luiz.



Luiz Lamas





Psicografada no núcleo de trabalho, na noite de 11/5/1992.

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